Artigo
O 8 de janeiro, sob outro olhar!
Por José Carlos Pöppl Filho
Aposentado
As manifestações de 8 de janeiro de 2023 em Brasília foram uma série de atos de vandalismos, invasões e depredações do patrimônio público cometidos por uma multidão de exaltados que saiu do Quartel-General do Exército protestando contra o resultado das eleições presidências de 2022, por julgarem-na fraudulenta, e marcharam em direção à Praça dos Três Poderes, entrando em conflito com a Polícia Militar do Distrito Federal na Esplanada dos Ministérios.
Atrevo-me a relatar o que aconteceu, sob outro olhar, pois não encontrei em nenhum órgão da mídia qualquer matéria jornalística sob o acontecido que não classificasse o ocorrido como ato golpista, terrorista ou antidemocrático, o que, em minha opinião, não aconteceu, exceto por parte de alguns baderneiros, possivelmente infiltrados.
Os antecedentes desses atos do 8 de janeiro encontram-se em uma reunião realizada com diplomatas estrangeiros em 2022, onde o então presidente Jair Bolsonaro levantou suspeitas sobre o processo eleitoral conduzido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde alegava que as urnas eletrônicas utilizadas no Brasil eram propensas a fraudes desde pelo menos 2015, quando era deputado federal, sendo autor de uma emenda constitucional que previa o voto impresso no País, a qual, posteriormente foi derrubada pelo STF e não chegou a ser implementada nas eleições de 2018.
Durante a eleição presidencial de 2022, na qual Bolsonaro tentou se reeleger, e logo após a apertada vitória de Luiz Inácio Lula da Silva instalou-se no País um clima de polarização com uma série de protestos contra o resultado da eleição. Vários políticos, organizações e membros da sociedade civil mostraram-se preocupados com a possibilidade de uma ação semelhante à invasão ao Capitólio dos
Estados Unidos, que ocorreu em 2021, o que de fato acabou acontecendo no dia 8 de janeiro de 2023 em Brasília.
Mas por que tudo isso aconteceu? A resposta impõe voltarmos ao STF/TSE.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava preso desde abril de 2018 pela Justiça Federal do Paraná dentro da Operação Lava Jato. No entanto, o ministro Edson Fachin do STF decidiu anular todas as decisões processuais tomadas contra ele. Com isso, a decisão de Fachin anulou todas as condenações que o enquadrariam na Lei da Ficha Limpa, que o tornava inelegível. Portanto, com a decisão de Fachin, o ex-presidente estava novamente elegível. Porém, isso não significava que Lula foi inocentado e que ele não poderia voltar a ser investigado. Isso é um fato.
Quanto ao TSE, sob a presidência do ministro Alexandre de Moraes, o então presidente Bolsonaro foi proibido de usar discursos em sua campanha eleitoral, tais como o proferido em Londres quando da morte da rainha Elizabeth II, o uso de imagens do 7 de Setembro, as declarações de Bolsonaro na abertura da Assembleia-Geral da ONU, a proibição de que rádios das regiões Norte e Nordeste veiculassem milhares de inserções (pequenas peças publicitárias) da campanha do presidente, bem como aquela em que Lula defendia a legalização do aborto no Brasil e também aquela outra em que defendia quem roubava celular.
Por conta de tudo isso, tudo indica, eclodiu o 8 de janeiro, resultando na prisão de 1.398 pessoas, tendo sido presos pessoas com problemas de saúde, mães acompanhadas de filhos pelos atos golpistas, ou melhor, terroristas e antidemocráticos, segundo alguns órgãos de imprensa.
Infelizmente, a violência foi uma constante no 8 de janeiro, a qual não é, e nunca será, solução para problemas políticos e sociais. É necessário promover um diálogo aberto e pacífico, buscando solucionar conflitos de forma civilizada. Em meio a toda essa situação, cabe a todos refletirem, inclusive o STF/TSE, sobre as causas que levaram a essa explosão de insatisfação, pois a polarização política e a ausência de canais efetivos e transparentes de participação cidadã contribuem para a criação de um ambiente propício à intolerância e ao descontentamento. Rezemos para que líderes sensatos surjam para buscar a pacificação nacional.
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